terça-feira, 1 de maio de 2012

Num País de Brandos Costumes


Uma acção deste género, num país de gente mesquinha e pequenina, só poderia resultar em merda. Num país civilizado, como não é o nosso, isto não aconteceria. E não aconteceria porque, neste país, as pessoas não sabem respeitar-se umas às outras. E não critico este tipo de campanha ou promoção pela parte da gerência do Pingo Doce, que assistiu incrédula ao ataque de multidões, quais zombies sedentos de carne humana a invadirem as suas lojas. Tal como também não critico aquelas pessoas que rumaram à "zombie party" à espera de poderem comprar alguns bens essenciais a metade do preço.
O que critico é o facto de o Pingo Doce ter perdido o controle da situação, ao ponto de haverem lojas a serem vandalizadas, clientes que se agrediram mutuamente, pequenos furtos e incidentes até haverem lojas que encerraram logo após o almoço. E, se o Pingo Doce tem assim uma margem de lucro tão grande nas suas vendas, ao ponto de poder fazer esta grande promoção, porque não baixar os preços dos produtos durante todo o ano e assim atrair mais clientes às suas lojas?!
Critico também aquelas zombies pessoas, sedentos de pouparem uns trocos, que foram para ali investir em bens não essenciais como bebidas alcoólicas, bolos, doces e afins, só porque estavam a metade do preço. Ou seja, coisas que numa situação normal não comprariam, hoje foi a varrer, uma espécie de limpeza geral às prateleiras das lojas, não fosse o mundo acabar amanhã e não haver salsichas na despensa para o almoço. Compraram à maluca, como se as suas vidas dependessem dessas compras compulsivas, sem olharem a validades de produtos que daqui a um mês (tanto?) estão a deitar fora porque não usaram, e sem olhar a preços que possam ter aumentado em prole desta promoção.
Giro vai ser quando o mês chegar a meio e já não haver dinheiro para pagar a conta da electricidade, do gaz, a prestação da casa, do carro ou o passe mensal para os putos irem para a escola. E aí sim, irão desejar não ter passado o 1º de Maio fechados numa superfície comercial, rodeados de gente louca em apuros, onde vale tudo, até arrancar olhos.
Eu ainda prezo muito a minha sanidade mental e como tal preferi abdicar desta loucura e até precisei de fazer compras e fui à concorrência.