terça-feira, 9 de setembro de 2008

Por Terras do Alentejo

No sábado passado fiz cinco anos de casado e, para comemorar, decidi fazer o que já à algum tempo haveria planeado. Conhecer o Alentejo, interior, na sua pureza. E digo-vos que valeu a pena, pois o Alentejo tem muito para ver e descobrir. E então no sábado rumámos à cidade que viu nascer António Spínola, Estremoz. É uma cidade pacata, com o seu casario branco em baixo e, subindo, entra-se no castelo construído no Séc. XIII, cujo palácio no seu interior foi convertido em pousada à qual se deu o nome de Pousada Rainha Santa Isabel, uma das mais monumentais e luxuosas do nosso país, pois mantém ainda todas as marcas da sua História. Do castelo observamos quase toda a cidade e os campos que a rodeiam. É uma zona rica em mármores e também se destaca pelo artesanato que pode, aliás, ser observado e/ou adquirido no seu mercado na praça central. Destacam-se os "Bonecos de Estremoz" e as "aldrabas", típicos desta cidade. Mas o que Estremoz tem mesmo de bom, e eu comprovo, é a gastronomia. A escolha não foi fácil, entre a tradicional "Açorda", a "Carne de Porco Alentejana", ou o "Ensopado de Borrego" acabámos por almoçar "Borrego Assado no Forno" que estava divinal, arrisco-me até a dizer que foi o melhor borrego assado que comi até hoje. Seguimos para Évoramonte.

Évoramonte, também conhecida por Santa Maria, destaca-se pelo seu castelo medieval, erguido num dos pontos mais elevados da Serra de Ossa. O castelo é invulgar no seu aspecto arquitectónico. De forma quadrangular, apresenta quatro torres circulares, e mistura elementos do estilo gótico com o estilo renascentista, de inspiração italiana. Já sofreu vários trabalhos de consolidação e restauro, ao longo dos seus 700 anos de existência. Dali observa-se uma imensidão de campos de sobreiros e oliveiras a perder de vista. E o silêncio, esse é quase absoluto. E continuámos em direcção a Évora.

Já conhecia a cidade de Évora, no entanto, não deixa de ter o seu encanto e a sensação de voltar a Évora é sempre como se fosse a primeira vez. Tem um dos centros históricos mais bonitos de Portugal e foi nomeada Património Mundial pela UNESCO. Nela se pode visitar um dos marcos mais famosos da cidade e símbolo da presença romana em território português, o Templo Romano. também conhecido como Templo de Diana em homenagem à deusa romana da caça. Depois nada como sentar um pouco numa esplanada da imponente Praça do Giraldo, a tomar uma bebida e bater dois dedos de conversa. Pode-se visitar ainda a Igreja de São Francisco que contém no seu interior a tão famosa Capela dos Ossos, completamente revestida de ossadas humanas. Pernoitámos em Évora, foi uma noite calma e serena, pelo menos até às seis da manhã, hora a que fomos acordados com um bando de pombos que decidiu ir fazer barulho mesmo em frente da nossa janela. Ainda os espantei, mas eles voltaram, e vencido pelo cansaço, lá desisti e deixei-os em paz. No Domingo dirigimo-nos para sul e fomos visitar Mourão.
Esta zona do Alentejo é conhecida como "As Terras do Grande Lago", por se encontrar tão próxima do Rio Guadiana, e agora a Barragem do Alqueva. Mourão fica na margem esquerda do Guadiana. A antiga vila medieval pode ser avistada em toda a sua plenitude, quando se sobe às muralhas do Castelo. Dali a vista é fantástica e única. Espanha fica logo ali ao lado e a paisagem, com o grande lago como pano de fundo é vivida com intensidade e convida a um passeio de barco pelo Alqueva. Ali próximo encontra-se a nova Aldeia da Luz, reconstruída como a original, com as suas casas brancas e baixas e o museu ao fundo, junto da Igreja de Nª Srª da Luz. Em Mourão avista-se também lá no alto a vila de Monsaraz, a nossa última paragem.

Monsaraz é uma vila lindíssima que preserva ainda as suas construções de xisto e cal, e construída bem no alto, no meio da planície alentejana, surge no horizonte, qual cenário de histórias de encantar. Ali vive-se a História, volta-se atrás no tempo. Em baixo avista-se o Guadiana e as aldeias mais próximas, bem como os extensos campos de vinhas, tão vulgares naquela região. É uma vila muito acolhedora, limpa e bem preservada. E o prazer de lá estar é único, vale mesmo a pena fazer alguns quilómetros e subir até Monsaraz. E depois a gastronomia, tipicamente alentejana. Aconselho um dos restaurantes que tenha esplanada para a planície, pois a paisagem é mesmo bastante agradável. E assim terminou a nossa visita ao Alentejo (ou parte dele), ficou a vontade de repetir e da próxima vez com mais tempo, porque dois dias passam num instante.

1 comentário:

Anónimo disse...

Por o que visitei de Portugal adoro o Alentejo é para mim uma das regiões de Portugal que mais caracter tem e sobre tudo que conseguiu sempre preservar esse tal caracter.
As pessoas são simpáticas e acolhedoras e gostam de partilhar a gastronomia e as riquezas locais.

E uma das regiões que mais me dá vontade de visitar de Portugal. Sem contar a nossa zona que ainda não conheço muito bem e que também tem muitas riquezas a nível cultural como gastronómico.