terça-feira, 7 de abril de 2009

Tráfico de Crianças Iraquianas

Hoje pela manhã, ouvi na rádio uma notícia que me deixou mal disposto. Mais tarde confirmei on-line no DN. Trata-se de uma denúncia feita pelas autoridades iraquianas, que dizem que Portugal poderá estar a receber crianças traficadas, oriundas do Iraque, através de uma megarede de tráfico de seres humanos. Ora, isto sendo verdade (ainda não está nada provado), é muito estranho o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e a Polícia Judiciária (PJ) não terem ainda desconfiado de nada e mostrarem-se surpreendidos com estas suspeitas.
De acordo com a polícia iraquiana, todos os meses são vendidas, quais objectos, cerca de 15 crianças para a Europa e Médio Oriente, por preços entre os 150 e os três mil euros, sendo umas destinadas à adopção enquanto outras caem nas redes da pedofilia.
Mas o que me deixou mais furioso nesta notícia, para além da notícia em si é o facto de o porta-voz oficial do SEF dizer que "quando se fala de iraquianos, Portugal não tem tradição neste domínio". Esta frase tem muito que se lhe diga. Primeiro, quando se fala de iraquianos, Portugal não tem tradição neste domínio, então quer dizer que tem tradição quando se fala noutras nacionalidades? Se falarmos de africanos e europeus de Leste, aí Portugal já tem tradição? Em segundo lugar, a palavra "tradição" foi aqui muito mal usada, a meu ver (ou pelo menos quero acreditar que foi). Estamos a falar de uma tradição usada em Portugal? É tradição no meu país haver tráfico de crianças, seja de que nacionalidade for? Não estou surpreendido, obviamente, por haver tráfico de crianças em Portugal, porque sei que, infelizmente, o há. Surpreende-me sim, o facto de um senhor do SEF vir falar de uma tradição, ou seja, um costume de uma sociedade que passa de geração em geração, como se fosse a coisa mais natural de acontecer. E depois eu pergunto, existindo, de facto, esta "tradição", os senhores por acaso já fizeram alguma coisa para a minimizar, ou mesmo eliminá-la?`
É sabido por toda a gente, basta ver os telejornais, que muitas daquelas crianças, mais do que um lar necessitam de uma família que as acolha, necessitam de carinho e afecto, pois elas não são culpadas da estupidez adulta do ser humano. Mas será este o melhor meio de acolher aquelas vítimas inocentes da guerra que devasta o seu país? Não me parece, e compete às autoridades competentes tomarem medidas por forma a evitar este tipo de tráfico.
[ler noticia completa aqui]

1 comentário:

Hugo de Oliveira disse...

Um problema (tipo de crime) cada vez mais dificil de controlar.