domingo, 26 de abril de 2009

Revolução ao Lado

Este ano o 25 de Abril passou-me completamente ao lado. Não sei se foi por o feriado ser num fim-de-semana, ou se por ter outras coisas com que me preocupar, mas não fossem as notícias nos telejornais e eu nem me aperceberia que se festejava o 25 de Abril. Mas tenho plena consciência que esta é uma data bastante importante na história do nosso país, pois aquela que foi a revolução de 25 de Abril de 1974 trouxe mudanças bastante significativas para os cidadãos portugueses. Ali deu-se início a uma nova era, a todos os níveis, foi como se tivesse feito um lifting ao país.
Não que eu me lembre de como tudo aconteceu, até porque se me fizerem aquela pergunta parva "Onde é que estavas no 25 de Abril?", aí eu responderei que estava a quatro anos e vinte e seis dias de nascer. Por isso nem era ainda sequer um projecto de vida humana. No entanto, fui aprendendo e ouvindo, tanto na escola como na comunicação social, acerca do dia que trouxe a liberdade ao nosso povo, dando-se fim a uma era fascista e implementando-se a democracia.
Mas, com o passar dos anos, é com algum dissabor que me vou apercebendo que as pessoas não souberam lidar muito bem com os termos democracia e liberdade. Existe uma frase que associo sempre ao termo liberdade que é "A minha liberdade acaba onde a dos outros começa". Desconheço o autor, mas ele não poderia estar mais correcto e todos se deveriam lembrar desta frase. Porque nem toda a gente sabe usar a liberdade a que tem direito, muitas vezes acabando, directa ou indirectamente, por colocar a liberdade dos outros em risco. E por falar em direitos, é aqui que entra o termo democracia, muito mal interpretado, a meu ver, por muitos indivíduos. Senão vejamos, associado à revolução existe ainda outro termo que é a cidadania. A cidadania é um conjunto de direitos e deveres ao qual um indivíduo está sujeito em relação à sociedade em que vive. Isto significa que eu, enquanto cidadão deste país, para usufruir dos meus direitos, tenho também de cumprir os meus deveres. Mas como o povo português é pessimista por natureza, pensa mais nos direitos do que nos deveres. Reclamamos por tudo e por nada, lamentamo-nos a toda a hora, protestamos contra os nossos políticos, barafustamos, esperneamos, mas chegada a altura de cumprir-mos os nossos deveres, ala que se faz tarde e fugimos com o cu à seringa. É esta a noção de democracia que o povo português tem, porque está sempre à espera que sejam os outros a resolver os problemas por eles, acomodam-se e só se lembram que tem direito a isto e aquilo mas não se lembram que também têm de cumprir os seus deveres enquanto cidadãos. E enquanto assim for, enquanto não mudarmos a mentalidade deste país tudo ficará na mesma, não passamos de um país estagnado no tempo, que vive quase de esmola. E cabe às gerações mais novas, como a minha, essa mudança de mentalidade, porque o futuro deste país depende de nós. Preocupa-me que cada vez mais sejamos uma sociedade consumista, que não produz, que se deixa andar, que não dá o devido empenho por causas sociais e úteis ao desenvolvimento.
A democracia é, por isso um bem precioso que possuímos e se soubermos dar-lhe um uso devido, poderemos evoluir de forma saudável e civilizada, sem protestos, sem pressões políticas e quiçá tornarmo-nos num país exemplar que não vive só de Magalhães e políticos corruptos.

1 comentário:

silvestre disse...

Desde que tenhamos interiorizado o que é a liberdade e em que estado viviamos antes do 25 de Abril, creio não ser preciso comemorar na rua com cravos e afins. A consciência e integração é o que conta. :-)