quarta-feira, 15 de julho de 2009

Sobre Vizinhos

É com agradável satisfação que leio esta notícia. E apesar de tardia, é de louvar por parte da justiça a decisão final. A ser tomada como exemplo, pode ser um ponto de partida para uma reviravolta nas (más) relações entre vizinhos. E no que toca a estes, a falta de respeito, a arrogância e a má educação por vezes fala mais alto levando a situações desagradáveis.

Eu já fui "vítima" de algumas situações menos agradáveis por parte de vizinhos. No entanto nunca tive de chamar a polícia nem de fazer justiça pelas próprias mãos, embora, por vezes, é o que mais dá vontade de fazer. Desde um casal na casa dos 30 que discutia quase todas as noites, em altos berros, só se destacando a voz dela. Este mesmo casal que, por vezes ia passar o fim-de-semana fora e deixava sempre o despertador programado para as 07h00 da manhã. A senhora na casa dos 50, que alugou o andar de baixo e que no início, enquanto ainda não trabalhava, "papava" as novelas todas da TVI, com o volume no máximo, até altas horas. Ela que dizia "amar a Natureza" e transformou as varandas frontais e traseiras numa autêntica floresta amazónica, tal não era o aglomerado de plantas, árvores, arbustos, sem contar com a quantidade de passarada que havia pelo meio, que até durante a noite chilreavam. Aquilo já era uma espécie de jardim botânico, pois já várias pessoas paravam debaixo das varandas a comentar aquela mancha verde, com pássaros pelo meio. Foi ainda esta senhora que, parecendo fazer de propósito, sempre que a minha mulher estendia a roupa acabada de lavar, ela ia acender o fogareiro a carvão, impregnando a roupa de fumo e cheiro a peixe. Ainda o casal na casa dos 40 que gostavam de partilhar as suas intimidades sexuais com o mundo, tal não eram os gritos de entusiasmo da senhora que chegou a acordar-nos algumas vezes fora de horas. O marido parecia ter um negócio de carros usados e tentou transformar a garagem que é comum numa oficina de mecânica. Claro que correu mal. Mas o que causava mesmo mau aspecto era o aglomerado de chaços estacionados à porta do prédio. O rapaz jovem que comprou o rés do chão mas pagar o condomínio é que não era com ele. Os dois vizinhos que trabalham em logística e que trazem para casa as carrinhas do trabalho, não dando qualquer hipótese a quem queira estacionar junto ao prédio. E ainda o casal de brasileiros que, para além de serem antipáticos e anti-sociais, conduzem mal e não sabem estacionar, ocupando espaço que não lhes pertence. Para além disso, parece que ela arranja unhas em casa, o que faz com que constantemente entrem e saiam pessoas estranhas ao prédio.

Mas o pior, o grande pesadelo que demorou a ser banido, foi a mãe divorciada com duas filhas adolescentes de aspecto seboso. Dentro daquele apartamento fumavam-se cigarros, queimava-se incenso, havia barulho a toda a hora e vários adolescentes a entrar e a sair a qualquer hora do prédio. Todos sabiam o código de acesso da entrada que acabou por ser desligado, até hoje. Aquilo era uma espécie de bar. O cheiro no prédio era tal, que eu para me dirigir ao segundo andar tinha de tapar o nariz. Chegaram a fazer dos vasos de plantas cinzeiros e urinóis, sim eles mijavam nos vasos. Apoderaram-se de uma divisão do condomínio, no sótão, fechando-a à chave e escondendo as mesmas. Quando chamámos um técnico para arrombar essa divisão, haviam colchões no chão com aspecto nojento, beatas por todo o lado, e duas bicicletas que tinham sido roubadas da garagem aos vizinhos do primeiro, completamente desfeitas. A parte eléctrica do portão da garagem foi totalmente destruída, tendo que para o abrir, fazê-lo manualmente. As paredes começaram a ficar sujas e até as bicicletas e skates os putos já traziam para dentro do prédio. Aqui tivemos mesmo que fazer queixa à gestora do condomínio, bem como à proprietária do apartamento, que era alugado. Ela não acreditava que aquilo fosse verdade. Felizmente saíram, mas as chatices essas ninguém as pôde evitar.

Estes foram casos que aconteceram comigo, todos eles em tempos diferentes. Poderia mencionar outros de amigos e conhecidos, mas tornaria este post ainda mais extenso. Só para lembrar que infelizmente ainda existe muita gente que não sabe, mas também não quer saber viver em sociedade e que se está cagando para os que o rodeiam, só pensando em si e no seu mundo. E enquanto assim for, viver em condomínio continuará a ser infernal para muita gente.

A sentença que este tribunal ditou, apesar de ter levado sete anos a ser decidida, é digna de ser tomada como exemplo e referência, porque todos têm o direito de serem respeitados, quando debaixo do seu próprio tecto.

2 comentários:

M disse...

Agora imagina se morasses num prédio tão grande e bem frequentado como o do Pingo Doce daí.

Célio Cruz | Sweet Gula disse...

Mifas:
Poisss, sem dúvida seria bem pior!